segunda-feira, 24 de março de 2008

A vida como ela não deveria ser

"É batata, Bino!"

Há muito tempo não ia ao teatro, a última vez que entrei em um foi para selecionar atores para um curta-metragem, e antes disso foram aquelas peças infantis. Acredito que minha aversão venha daí, pois não gostava do modo “falso” como os atores falavam seus textos. Sabe aquela coisa de falar tudo bem certinho, algo que você não vê na vida real? Então, era disso que não gostava no teatro.

Mas tudo bem, o convite da namorada era para assistir “Vestido de Noiva” do Nelson Rodrigues, dentro do Festival de Teatro de Curitiba e foi aceito sem titubear.

O teatro está cheio quando a peça começa com um pouco de atraso, sintoma da falta de organização patogênica do Festival de Curitiba, que parece investir mais em publicidade do que na infra-estrutura das apresentações. Prova disso é que a peça teve de ser interrompida por problemas no projetor de imagens (aliás, recurso muito bem utilizado ao longo da peça). Após alguns minutos de paralisação, os atores voltam ao palco da cena anterior.

Tudo corre bem, vemos uma bela montagem da preparação da noiva para o casamento, ao som de No Surprises (ironia) do Radiohead, e é batata.... O projetorzica mais uma vez, e agora é pra valer.

Um cara sentado na poltrona logo à minha frente levanta e berra algo como “Festival de Curitiba é uma merda, isso aqui é uma vergonha e quero mais é que vocês se fodam”. Claro que ele não disse isso, mas tomei uma liberdade poética aqui.

Norma Bengell volta ao palco, explica o acontecido, e ressalta que a culpa não é da companhia, já que o projetor é do teatro. Alguém da organização, ou do teatro, diz que o projetor é de uma empresa contratada para o festival. Mas foda-se meu velho, quem escolheu essa porcaria de empresa prestadora de um servicinho chulezento é que deveria se responsabilizar.

Essa falta de organização e de respeito fica ainda mais evidente quando, ao irmos embora, passamos por dois projetores que exibem os comerciais do festival na fachada do Guairão. Algo até engraçado, pois parece ser bem coisa de Nelson Rodrigues.


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