quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Filosofia e Rock´n Roll

É muito legal ver alguém misturando conhecimentos filosóficos e apresentando-os em forma de música, e de forma tão didática.
Quando assisti a esse filme, em alguma oficina de cinema nos tempos de faculdade, reconheci imediatamente a citação nessa música, cujo clipe, que faz parte do filme, apresento a vocês agora.
Esse clipe é do filme Hedwig – Rock, Amor e Traição, que conta a história de Hansel Schmidt, um jovem que vivia na Alemanha Oriental que se apaixonou por Luther, um soldado americano, mas para se casar com Luther Hedwig, Hansel deveria fazer uma cirurgia de mudança de sexo. A cirurgia dá xabu e sobra uma polegada furiosa, a tal “Angry Inch” do título original. Já como uma “quase mulher” Hedwig vai viver nos EUA, onde trabalha de babá para uma família, e se apaixona pelo filho adolescente dessa família, e.... bom, daqui pra frente você aluga o filme ou baixa ele, porque não vou ficar contando a história.
O que interessa disso tudo é a música "Origin of Love" da banda de glam rock que Hedwig montou. A letra (cifra aqui) toma emprestado um trecho de o Banquete, de Platão, onde Aristófanes apresenta a Erixímaco sua versão para a origem do amor.



Aristófanes diz que no começo existiam 3 gêneros: Masculino, Feminino e o Andrógino. O masculino era descendente do Sol, o feminino da Terra e o andrógino da Lua. Seus corpos possuíam formas parecidas com as de seus genitores. Eles eram arredondados. Além disso, possuíam quatro mãos, quatro pernas, uma cabeça grande com dois rostos opostos, quatro orelhas e dois sexos.
Devido ao vigor desses seres, Zeus ficou medo de que pudessem escalar o céu e acabar com seu reinado. Diante disso, ele pensou na melhor solução, para ele, claro.

“Eu os cortarei a cada um em dois, e ao mesmo tempo eles serão mais fracos e também mais úteis para nós, pelo fato de se terem tomado mais numerosos; e andarão eretos, sobre duas pernas. Se ainda pensarem em arrogância e não quiserem acomodar-se, de novo, disse ele, eu os cortarei em dois, e assim sobre uma só perna eles andarão, saltitando.”

E mandou Apolo virar o rosto das criaturas para o lado da mutilação, assim elas sempre veriam a cicatriz e aprenderiam com isso. Apolo moldou as cicatrizes do corte deixando apenas uma abertura, a que chamamos de umbigo.
Após a separação, cada metade vaga eternamente à procura da outra (tipo aquela música do Fábio Jr. Das metades das laranjas). Se ela tinha dois sexos masculinos, vai procurar sua metade masculina; se era do sexo feminino, vai procurar sua metade feminina; agora, se era andrógina, a parte masculina e a feminina devem se encontrar.

Peguei trechos do Banquete no virtualbooks.terra.com.br, link aqui

Um comentário:

Anônimo disse...

Boléia também é cultura!